terça-feira, 31 de janeiro de 2012

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A Última Gargalhada (Der Letzte Mann) – 1924

Peço que quem ainda não viu esse filme e quiser ver, não leia esta resenha, pois há muito a ser falado sobre a questão final dele, e é impossível fazê-lo sem entregá-lo.

Mais um filme de um diretor espetacular que não decepciona. Desde “Nosferatu”, Murnau mostra que sabe o que faz e principalmente como fazer. Com uma película sem diálogo algum, nem sob telas pretas, este filme retrata a vida sofrida de um porteiro de um hotel luxuoso em Berlim, orgulhoso de sua posição; entretanto, ele perde seu status no bairro em que vive, ao ser rebaixado a criado do banheiro masculino do mesmo hotel, por conta de sua idade. Vemos, aqui, uma direção mais ousada, mais rica em detalhes, com cenas psicodélicas e surreais.


Destaque, sem dúvida alguma, para Emil Jannings, que, com uma atuação intensa, faz com que os espectadores não dêem por falta das falas. E a música, com o turbilhão de sentimentos que o ator transpassa para a tela, faz com que o diálogo seja realmente desnecessário. Ressalto a cena em que o velho está na festa de casamento e bebe demais, onde vemos uma filmagem estonteante e diferente de tudo até então, em termos de cinema.


O grande contra desse filme é a inverossimilhança de um final que tinha tudo para tornar essa obra uma master piece. Depois de cenas de sofrimento, humilhação, e uma pitada de expressionismo alemão de Murnau, o filme toma um rumo completamente impensável: o velho, humilhado e beirando à morte, ressurge milionário, com um funcionário do hotel apadrinhado, que o ajudou quando ele mais precisava. Isso porque a produção, na época, forçou esse final. Mas por quê? Por que deveríamos engolir um “final feliz” de alguém que sofreu em todo o filme? Simples: 1924. Talvez, no pensamento das pessoas, o principal personagem da história precisava dar a volta por cima, então a produção teve o ímpeto de forçar um final fora de contexto. Afora isso, é um filme intenso, lúgubre e faz uma história simples se tornar genial, graças à direção e atuação impecáveis.

4 estrelas para ele (Daria 5, não fosse o “gran finale”!)

Alemanha/ Mudo P&B/ 77 min.
Direção: F. W. Murnau
Produção: Erich Pommer
Roteiro: Carl Mayer
Fotografia: Robert Baberske,
Karl Freund
Música: Giuseppe Becce, Timothy
Brock, Peter Schirmann

Elenco:

Emil Jannings
Maly Delschaft
Max Hiller
Emilie Kurz
Hans Unterkircher
Olaf Storm
Hermann Vallentin
Georg john,
Emmy Wyda


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