quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

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Ouro e Maldição (Greed) – 1924

Imagine ter a sua grande obra de nove horas de duração destruída e reduzida a apenas duas.  Pois foi exatamente o que aconteceu a Erich Von Strohein, quando entregou a sua obra para o estúdio da MGM, nas mãos de um montador medíocre, que acabou desmontando toda a estrutura original e tornando essa a maior perda cinematográfica já vista, chamado de “O Santo Graal” do cinema. Apesar dos esforços de Rick Schmidlin em 1999 de restaurar essa película para uma versão de 4h, o que de fato foi um trabalho muito bem feito, ela não ficou nada funcional (foi feito em takes, foto por foto), e, ainda assim, não compensa a perda imensa de Strohein, que tinha adversidades com o diretor do estúdio, e que por isso foi feita essa atrocidade cinematográfica. A sua célebre frase (Não importa se eu pudesse falar para vocês por três semanas sem parar, ainda assim eu só poderia descrever uma pequena parte da dor que eu sofri pela mutilação deste meu trabalho tão sincero) é o sentimento de Strohein que ecoa até hoje.

O filme é (ou era) uma adaptação fiel à obra de Frank Norris “McTeague”. É a história de como a cobiça pelo dinheiro e o ouro podem destruir o caráter e a vida das pessoas. McTeague (Gibson Gowland) é um ex-mineiro que é levado do lugar onde vive para aprender a odontologia, e posteriormente ao aprendizado, abre um consultório em San Francisco. Lá, conhece Trina (Zasu Pitts), por quem se apaixona numa macabra consulta, e ao longo da trama, se casa. Trina, por outro lado, ganha na loteria, e começa a ficar obcecada pelo dinheiro. Temos, também, Marcus (Jean Hersholt), primo de Trina, que primeiramente ajuda McTeague a se casar com Trina, mas logo se arrepende, quando ela ganha o prêmio. Vemos personagens detestáveis piorarem, uma Trina ingênua e inocente se tornar uma pessoa vil e transtornada, que se nega a sair da miséria só para preservar suas moedas de ouro. Destaque para as cenas finais, e para os esforços dos artistas (gravar em um deserto aos 48ºC, e viver nas locações de Strohein, para dar mais realidade aos personagens). Inclusive, há uma simbologia muito interessante em torno das mãos, onde as mesmas que afagam, podem te destruir.
Esse filme tinha tudo para eu dar merecidas 5 estrelas para ele, porém, por todos os contras sobre a restauração e a destruição, não posso dar mais do que 3, porque por mais difícil que tenha sido refazê-lo e que sem esse trabalho, seria muito difícil a compreensão de alguns fatos, a narrativa acaba sendo deveras cansativa.

EUA/ Mudo P&B/ 140 min.
Direção: Erich von Stroheim
Produção: Louis B. Mayer
Roteiro: Joseph Farnham, June Mathis, baseado no livro "TcTeague", de Frank Norris
Fotografia: William H. Daniels, Ben F. Reynolds

Elenco:

Zasu Pitts
Gibson Gowland
Jean Hersholt
Dale Fuller
Tempe Pigott
Sylvia Ashton
Chester Conklin
Frank Hayes
Joan Standing

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