terça-feira, 5 de abril de 2011

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Haxän (Haxän – a feitiçaria através dos tempos) - 1923

Minha relutância ao ver esse filme foi pelo fato do tema dele não me interessar tanto, mas devo dizer que me surpreendi de maneira positiva, mais uma vez. O dinamarquês Benjamin Christensen foi um visionário, criando um filme que mistura pesquisa com embasamento teórico e ficção, e utilizando cenários espetaculares, maquiagem, fotografia impecável e atuações com tanta maestria que é um deleite para os olhos, numa espécie de “documentário”.
O que vemos em Haxän são fatos publicados em livros, e a fantasia acerca desses fatos, explicando a bruxaria até os tempos atuais (década de 20, claro!). Os demônios são muito caricatos e bem estruturados, mostrando línguas e fazendo cultos e rituais de sabá, chegando até a serem divertidos, e não assustadores. Vemos silhuetas de mulheres nuas, freiras enlouquecendo por terem sido forçadas a cometer maldades pelo demônio, e mulheres frágeis, atormentadas e perseguidas, por serem consideradas bruxas. Um fato interessante é que o diretor se posiciona no filme, como se fosse uma tese a qual ele defende.
A música, para completar essa magnífica obra, é composta de pelo menos um grande clássico, que é moonlight sonata, para nos fazer viajar ainda mais para dentro da fantasia de Christensen, esta que, dizem os críticos, foi a essencial precursora de filmes modernos sobre possessão demoníaca, como “O exorcista” (1973). Há ainda grande enfoque nos personagens, mesmo que eles tenham uma representação simbólica e não sejam exatamente protagonistas, além das mensagens subliminares sexuais, que são geniais. Efeitos incríveis de sobreposição de imagem, com um céu cheio de bruxas em suas vassouras, também aparecem magistralmente.
Dividido em 7 capítulos,  dá para vê-los sem nenhuma pressa. E se não quiser enfrentar 1h45 de filme mudo, há a versão narrada de 1941.

4 estrelas

Dinamarca/Suécia / Mudo P&B / 105 min (pelos meus cálculos, no livro ta 87min)
Direção: Benjamin Christensen
Roteiro: Benjamin Christensen
Fotografia: Johan Ankerstjerne
Música: Launy Grøndahl (1922), Emil Reesen (versão de 1941)

Elenco:

Elisabeth Christensen
Astrid Holm
Karen Whinter
Maren Pedersen
Ella La Cour
Emmy Schønfeld
Kate Fabian
Oscar Stribolt
Clara Pontoppidan
Else Vermehren
Alice O’Fredericks
Johannes Andersen
Elith Pio
Aage Hertel
Ib Schønberg
Benjamin Christensen