La Roue
(The Wheel – A Roda) – 1923
Não sei o que
dizer sobre esse filme. Talvez o roteiro não tenha ajudado as grandes atuações
às quais, paulatinamente, vão sendo desperdiçadas e, por vezes, sendo
cansativas nesta película de Abel Gance, que teve seus momentos de glória. O
filme conta a história de Sisif e seu filho, Elie, que se apaixonam pela feliz
e inocente Norma, uma menina que Sisif salvou de um
acidente de locomotiva e que a criou como filha, o que torna tudo mais doentio.
Severin-Mars, como Sisif,
está excelente, e ele é tão convincente que, depois de um tempo, o espectado até
esquece o esforço dele em parecer cego. Gabriel de Gravone como Elie, também
convence muito, eis que, com ele, sofremos junto, por sua angústia e “mãos
atadas”, já que não tem o que fazer sobre sua situação, realmente. A atuação de
Ivy Close como Norma foi boa, apesar de ter me dado certa agonia, com seus
trejeitos teatrais e por vezes forçados.
Destaque para
as cenas inicial e final da primeira parte, onde, respectivamente, temos um
acidente de trem espetacular e surreal para 1923 e Sisif em uma sala giratória,
em meio aos seus trens e , posteriormente, seguindo em direção ao horizonte em
uma trilha de trem; e para a cena intermediária da segunda parte, onde mais uma
vez Sisif traz uma emocionante cena em que leva uma cruz um suas costas, cego,
com seu cachorro Toby, em um cenário de neve.
Apesar de
cenas incríveis como as três citadas, dificilmente esse filme entraria na
lista. O exagero de horas para contar uma história simples gera desconforto, e muita
sonolência ao longo das 3h40 de filme. Sem contar, é claro, que o filme tinha
9h, mais ou menos. Acho que o abandonaria nas primeiras 2 horas se tivesse que
assisti-lo na íntegra. Entretanto, não posso ignorar a direção genial de Abel
Gance, que surpreende com flashs de memória e espectros pairando pelas nuvens
de fumaça das locomotivas. Um filme notável, mas que peca por uma série de
fatores.
2 estrelas
França/ Mudo P&B/ 273 min.
Direção: Abel Gance
Produção: Abel Gance, Charles Pathé
Roteiro: Abel Gance
Fotografia: Gaston Brun, Marc Bujard, Léonce-Henri Burel,
Maurice Duverger
Música: Arthur Honegger
Elenco:
Severin-Mars
Ivy Close
Gabriel de
Gravone
Pierre
Magnier
Gil Clary
Max
Maxudian
Georges Térof